Na enciclopédia da sustentabilidade, que capítulo está reservado à construção?

Na enciclopédia da sustentabilidade, que capítulo está reservado à construção?

A sustentabilidade como meio para garantir a satisfação das gerações presentes,

sem comprometer as necessidades das gerações futuras, tem alimentado discussões, mudanças de comportamentos e a valorização de novas tendências – mais verdes – um pouco por todo o mundo. O turismo é um dos exemplos mais badalados, mas poderíamos nomear muitas outras áreas, como os transportes ou a alimentação. Neste contexto, qual é o caminho a seguir na construção?

Turismo sustentável

No final de 2019, os Açores tornaram-se no primeiro arquipélago do mundo com certificado de destino turístico sustentável. Graças a esta notícia, Portugal entrou para a lista dos oito países certificados pelo Global Sustainable Tourism Council. Mais recentemente, foi Cuba, a vila alentejana, a dar que falar nesta temática: em agosto, o município anunciou a criação de um plano de ação para o turismo sustentável, envolvendo agentes públicos e privados, no âmbito do projeto europeu SuSTowns. O programa, no qual participam 14 regiões de sete países europeus, tem como objetivos desenvolver e testar ferramentas e boas práticas de planeamento e gestão turística local, “evitar o colapso e a excessiva antropização” de recursos locais e potenciar o desenvolvimento de um turismo sustentável e de serviços turísticos mais inovadores e responsáveis.

A indústria da construção é uma das ações humanas que mais desafios coloca à definição de uma relação harmoniosa e equilibrada, entre o Homem e o meio ambiente: a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima que os edifícios construídos nos países desenvolvidos sejam responsáveis por mais de 40% do consumo energético ao longo da sua vida. Simultaneamente, o ramo assume-se como um dos setores económicos mais importantes na Europa, e, na última década, assistiu a uma mudança de paradigma, devido à crescente consciência dos efeitos do modelo tradicional nas alterações climáticas e ao crescente movimento internacional para a promoção de construções de elevado desempenho. Ainda assim, adotar métodos de construção mais ecológicos é um processo lento e moroso, sendo que entre os maiores desafios a enfrentar está o custo dessa opção.

Recentemente, soubemos que o Governo vai criar uma Estratégia Nacional para o Financiamento Sustentável. Os novos incentivos pretendem ajudar a pagar o objetivo que Portugal assumiu de redução das emissões de gases com efeito de estufa superior a 85%, até 2050. O documento inclui uma vertente dedicada à economia circular e à reciclagem da qual consta a recolha seletiva de resíduos, o incentivo à recuperação de materiais e componentes na construção, para aplicação em nova construção ou reabilitação, bem como a criação de um mercado de matérias-primas secundárias para o setor.

Sendo um tema cuja responsabilidade é transversal, na Würth temos também um conjunto de iniciativas responsáveis para minimizar o impacto vista ambiental da nossa ação no que respeita à gestão de resíduos.

Construção casa sustentável Construção casa sustentável 2

Mas afinal, o que é a construção sustentável?

Quando falamos em construção sustentável, falamos de um novo paradigma na conceção, construção, manutenção e desmantelamento de edifícios, que envolve matérias-primas e processos eficientes, a otimização de recursos e a análise dos impactos no meio ambiente, na comunidade e no mundo. A reciclagem, a reutilização da água, a energia solar ou os materiais utilizados na construção constituem as dimensões a avaliar antes de iniciar um projeto. Já quanto a soluções específicas, o Portal de Arquitetura e Construção Sustentável reúne um conjunto de exemplos que privilegiam este caminho verde: coberturas ajardinadas, coberturas inclinadas com subtelha, cumeeira a seco, fachadas ETICS em lã mineral, fachadas ventiladas, revestimentos em telha plana são algumas das tendências a seguir.

Não restam grandes dúvidas de que a construção sustentável é o futuro, apesar de não ser ainda a escolha principal, quer de quem faz, quer de quem compra. Sobre este segundo ponto, e tomando por exemplo a compra de um apartamento que cumpra os requisitos da construção sustentável, as contas da Endesa apontam para a amortização da diferença de preços num prazo de 5 a 15 anos, graças à poupança com o consumo de água, de eletricidade e climatização e com os custos de manutenção.

Ser ou não ser, seguir este ou outro caminho, não é a questão. A questão é a que ritmo a mudança vai acontecer. E a (re)Construção depois da pandemia está a começar a ser escrita.